A terra esturricada e sem pasto obriga os criadores a uma
rotina de peregrinação pelo Semiárido em busca de água e comida para os
animais. Referência de uma pequena produtora que conseguiu estruturar seu
sítio, Maria Tito Luz, de 51 anos, vendeu uma casa e pediu empréstimo para
manter o curral vivo, no distrito de Barra do Brejo, em Bom
Conselho.
Os
barreiros secaram e a silagem armazenada para dar ao gado na estiagem só durou
seis meses. “A última trovoada que deu por aqui foi em junho de 2012, mas foi
fraca. Nasci e me criei por essas bandas e nunca vi uma seca dessas”,
diz.
Os carros-pipa do Exército, do Estado e da prefeitura nunca
deram o ar da graça em Barra do Brejo. Maria é obrigada a desembolsar R$ 120
por semana num pipeiro para encher o barreiro onde os bichos matam a sede. O
sol a pino e o céu sem nuvem, de um azul estridente, fazem a água evaporar
rápido. Junto com os irmãos que moram na vizinhança, a criadora cotiza a compra
de palma, vai buscar cana-de-açúcar doada pelo governo e disputa espaço nos
mananciais onde resta uma nesga de água.
“Se a praga (da cochonilha do carmim) não tivesse acabado
com a palma, nossa situação seria diferente. Ela era a salvação do gado. Hoje,
precisamos buscar a planta em Alagoas.
Pagamos R$ 600 por um caminhão pequeno e
quem vende ainda nos obriga a cortar o caule e carregar o caminhão”, conta. A
cochinilha dizimou 90% da plantação de palma de Pernambuco.
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