A coletiva desta sexta-feira (14) com o técnico Gilson Kleina e o
presidente Paulo Nobre foi inusitada. Em evento realizado no Salão Nobre
do estádio do Pacaembu, os dois palmeirenses se encontraram com dois
rivais, Mano Menezes e Mário Gobbi, para falar em conjunto com os
jornalistas. Com o tema “Rivais só em campo”, Palmeiras e Corinthians
realizaram esta coletiva para promover a paz nos estádios e no mundo do
futebol, que passou por alguns episódios ruins recentemente.
“É uma honra estar aqui com o meu amigo Mário Gobbi, com o Mano Menezes
e o Kleina. Não podemos ser ingênuos, não temos a pretensão de resolver
o problema no futebol brasileiro, porém essa atitude tem de servir de
exemplo para as nossas bases. Estamos falando do Palmeiras e do
Corinthians, do dérbi, da maior rivalidade do futebol paulista, se não
for a maior do futebol brasileiro. É muito importante que os torcedores
entendam que o adversário não é inimigo e a rivalidade só existe dentro
de campo”, resumiu o mandatário do Verdão.
Nobre, contudo, sabe da importância da disputa saudável dentro das
quatro linhas. “É importante que essa rivalidade continue porque é muito
sadia para o futebol, mas que continue dentro de campo. Odiar o
torcedor adversário é um absurdo. Ninguém é mais torcedor sendo assim.
Nós amamos o nosso time na vitória ou na derrota, se não existir o
adversário no futebol, perde a graça. Não adianta querer acabar com o
teu adversário, tem de superar em campo. Espero que essa atitude possa
ser o primeiro passo de uma maratona. Que em um futuro próximo possamos
ter um futebol competitivo, mas sem essa violência que assombra o
futebol brasileiro”, falou.
Já o comandante Gilson Kleina aproveitou para abordar as questões que
fogem dos gramados. “Essa mensagem tem de passar pela conscientização.
Nós entendemos que, por mais que estejamos passando por um momento
complicado neste país, o futebol não pode ser parcela de desabafo e
gesto violento. Futebol é resgatar a alegria de ir ao estádio, ver o
futebol, a evolução que o futebol uniu, e um deles é o sentimento de
alegria. Na segunda-feira, segue a vida de todo mundo. A gente sabe que a
rivalidade tem de ser feita nos 90 minutos, e entender que a esfera tem
de ser esportiva. Queremos fazer não só pelo futebol, mas fazer um
Brasil melhor”, afirmou o palestrino.
O presidente do Corinthians, Mário Gobbi, também reconhece que a
entrevista coletiva conjunta desta sexta-feira não será suficiente para
acabar com os problemas do esporte, mas sabe que é um passo importante
para iniciar este projeto de pacificação.
“Os acontecimentos mais recentes fizeram com que nós, dirigentes,
jogadores e profissionais que atuam no futebol, a tomar atitudes. Não
quer dizer que atitudes como esta irão resolver a questão da violência,
mas contribui com a diminuição dela. Não dá mais para ficar com os
braços cruzados e assistir a estas cenas de vandalismo e desrespeito ao
ser humano e à cidadania. Estamos reunidos com um pensamento único, que é
passar uma mensagem de paz e dizer que Palmeiras e Corinthians são
apenas adversários dentro dos 90 minutos da partida”, declarou o
dirigente, tendo o discurso reforçado pelo técnico Mano Menezes.
“O exemplo maior deve partir de quem comanda. Essa é a parte que temos
de assumir neste processo tão difícil. Futebol é um dos segmentos dessa
sociedade. Cada evento que passamos, nós notamos que as coisas caminham
mais no sentido contrário, todos estamos conscientes que todos
perderemos. Vocês (imprensa) acabam de perder uma vida, um colega, e nós
estamos abordando há algum tempo que isso poderia acontecer no
futebol”, completou o treinador, referindo-se a um cinegrafista que
faleceu após se ferir em um protesto no Rio de Janeiro.
Fonte : Palmeiras.com
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